porcaria

é a primeira vez que escrevo para alguém, que não ele. mas senti que como sou cobarde ao ponto de não to dizer, deveria escrevê-lo aqui. andámos unidas durante todo o tempo em que estive envolvida com ele. convivemos juntas, ouvias desabafos, aturavas as minhas manias, as minhas birras, nunca te cansaste das minhas frases estúpidas e irónicas quando me sentia lixo por causa dele, mas hoje descobri a rapariga influenciada que sempre foste. bastou uns meros quinze dias afastadas, para te fazerem a cabeça, contarem a história ao contrário, mentirem-te e fazerem de mim a má da fita, para quando nos reencontrámos no meio de mais quatrocentos alunos, me ignorares sem dó nem piedade. limitaste-te a dizer o indispensável, sem sequer pensar em ouvir o meu lado da história. influenciada, é o que acho que és ou que te tornaste. fumas, bebes-te, ganzas-te se for preciso apenas para te sentires integrada naquele grupo que apenas só te quer, como objecto, como mais um. dizem que são teus amigos, mas na hora da verdade, vão virar-te as costas, como muita gente já fez. tu é que és ingénua demais para ver isso. serves hoje de marioneta deles, pensas que és uma deles, mas não és, será que te custa aperceber-te disso? eles vão usar-te e tu farás de tudo para continuares lá, achando que eles sim são importantes, são os kools da escola, mas enganaste-te.

só queria que visses o que já todos viram, menos tu. agoras estás nas mãos deles, achas-te fixe, mas só até ao momento em que eles decidirão cagar, teoricamente, para ti. faltas às aulas, usas o calão como língua principal, adoptas-te um estilo que não é teu, apenas para te sentires na onda. não és mais a miúda fofinha que conheci, disposta a tudo para ter quem merece ao teu lado. passas-te para o outro lado, o lado deles. sinto a tua falta é a verdade. só não quero que penses que te odeio, quando na verdade até odeio, mas apenas porque me magoaste com essas tuas atitudes. só não quero que penses que sou uma porcaria, que não merece nada, quando na verdade mereço ainda mais que eles. custa ver-te cagar para mim, pois sei que terei de fazer o mesmo para ti. custa ver-te ingénua, como achava que não eras antes.

apenas te peço desculpa por isto, apenas peço desculpa de agir assim, descendo ao teu nível, agora que te envolves-te com eles. sei que te estou a julgar, sei que troço para que esmurres com o nariz no chão, apenas porque acho que hoje te odeio, depois de tudo.

a verdade é que, ainda assim, me fazes falta,
porcaria.