uma grande sorte... ou não.

esta ultima sexta-feira, fui assistir a uma pequena reunião de amigos e colegas da minha irmã na faculdade. ao inicio pensei que para variar, iria ocupar mais um pouco do meu sagrado tempo com a vida de outra pessoa, se bem que poderia (ou não!) valer apena, visto que estava com a ideia de ir aos saldinhos, fazer umas buscas.

para grande surpresa a minha irmã disse-me que se queria entrar com ela, era melhor desligar o telemóvel, porque ia estar um professor com eles e ele não era pêra doce... ora eu pensei logo que isto era a gozar e manti o telemóvel bem quietinho no bolso, não me ia dar ao trabalho de o por em silêncio!

assim que entramos, deparo-me com gente a mais naquela minúscula sala... gente que (cá para mim) não faziam parte daquela reunião. e sentado num canto estava um Adão (esqueçam lá não era Adão nenhum... aquilo era o fruto proibido!) e que rapaz era aquele... moreno, bronzeado, sorriso Trident (se calhar é cheio de papel e faz branqueamento mês a mês) e olhos verdes hipnotizastes... fiquei parva, nunca me passara pela cabeça que vir com a minha irmã me traria tanta satisfação! passei metade da reunião a trocar um olharzinho discreto com aquele pedaço de rapaz! e não foi preciso mais que um piscar de olho e um sorriso tímido, para receber um papelinho bem pequenino a perguntar se eu tinha algum problema em dar-lhe o meu número... aaaaaaai que felicidade! pera, pera, pera... vamos lá fazer-nos de difíceis, se não isto não tem piada!

comecei a rir-me de fininho enquanto ia ao estojo (sem fazer barulho, obviamente, porque o raio do professor da minha irmã era uma autentica besta quadrada) buscar uma caneta, até que entretanto e, para grande espanto, o meu telemóvel faz um grande basqueiro mais ou menos assim: "blimblimblipiiiiiiii" e recebo uma mensagem. excelente! para piorar mais a situação o professor da minha irmã olha para mim e com um ar bem sarcástico disse-me "Ora menina, se não teve problema nenhum em incomodar-nos com o barulho do seu telemóvel também não vai ter problema nenhum em ler-nos em alto e bom som (alto e bom som, atenção!) a sua mensagem" . oh valha-me não é que fiquei sem resposta para esta! fiquei estupefacta! perguntei se estava a brincar e para grande espanto a resposta foi não bem redondo e para piorar um bocadinho mais as coisas, a minha irmã não disse nem uma palavra... a sala foi invadida por um silencio horrível e eu tive mesmo que tirar o meu telemóvel do bolso e preparar-me para ler a mensagem que tinha acabado de receber. fiquei para morrer quando vi que a mensagem vinha em anónimo óptimo! só me faltava mesmo isto. os meus anónimos não custumão ser nada simpáticos comigo! mais um vez hesitei e assim que o meu olhar se cruzou com o do professor, vi que ele iria avante com aquela (estúpida!) decisão. abri a mensagem. dizia o seguinte:

"todos os dias anseio por ver-te e tocar-te,

todos os dias imagino-te a sussurrar no meu ouvido coisas que outrora sussurras-te.

todos os dias, me pergunto onde estás e porque não continuas aqui.
todos os dias percebo que o que vivo hoje está arruinado com tudo aquilo que me fizes-te!

porque é que me assombras com esta paixão?

porque é que me deixas-te aqui a apodrecer dentro dos meus sentimentos?

sinto-me usado... tão usado!"

para além de ter conseguido instalar um silencio perturbador naquela sala, percebi que a mensagem não era para mim e que mesmo assim ia ser assombrada pela minha irmã por causa daquela triste cena! deixei passar aquele bocadinho... e eles voltaram á reunião (podera, acho que apartir daquela manha de sexta-feira o raio professor não vai mais pedir ever again a aluno nenhum para ler a sua mensagem em "alto e bom som"!) mas para aumentar esta tamanha desgraça... bastou-me olhar para a cara daquele rapaz, para ver a sua cara de espanto. não posso! acabei por estragar tudo! e quando lhe faço o sinal para lhe dar o papel, o raio do rapaz abana a cabeça como sinal de reprovação! sou mesmo sortuda porra! que grande vergonha, juro que se tivesse ali algum buraco, eu enfiava-me dentro dele!

CONCLUSÃO: apartir de hoje, telemóvel sempre em silêncio!