baloiço

estava sentada nele, sozinha. pensava na vida, olhando para o chão cinzento e húmido que condizia com o meu estado de espírito. com uma perna apoiada no chão tentava dar o mínimo de balanço aquele balancé. gemia, parecia que quando menos tentava balançar, mais ele gemia. com o ipod no bolso, coloquei os phones nos ouvidos e procurei a melhor música para o momento. não queria estar assim, mas não tencionava de todo esbanjar um sorriso, quando a tecla cinco do meu coração, encravada como estava, me impedia de fazê-lo. estava com a cabeça apontada para o chão, caída, sem forças. tinha os dedos roxos do frio que sentia nas mãos, tinha acabado de perder as luvas. os meus sapatos estavam molhados e a única vontade que tinha era de me deixar cair e fechar os olhos, sem mais os abrir.

esquecemo-nos por vezes que a vida é como um baloiço, esquecemo-nos que muitas das vezes tentamos fechar o mundo nas nossas mãos, não vendo que ele é demasiado grande para elas, comprovando que o que cabe nelas é tão pequeno, tão pouco, mas... é tudo o que temos.

baloiço, onde baloiço, onde a minha vida balança. estou à tua mercê, à mercê do baloiço da vida, do balanço da dor, da alegria.