segunda-feira, 24 de agosto de 2009

arte na alma.

pega no pincel, pinta(-te) de vermelho. pega na tela, como corpo que esta serve e chega á alma, toca-te. não demores, por favor. o tempo não para..

á tua volta tudo cresce, o teu cabelo está maior, deixas-te a barba crescer tanto quanto o rancor que soubes-te guardar e a tua alma encerrou por instantes. não sei como passas o resto dos teus dias, mas os meus são assim, sentada aqui fora a ver as luzes da cidade lá ao longe, no caminho do horizonte. sei que o tempo cá fora está a acabar, mas isso não faz sentido, não invoca nada que já não tenha vindo. e vês as minhas fotografias, as minhas frustrantes telas e vontades, mas não fazes ideia dos seus nomes. eu sei porque. não consigo fazer isto por mim, sabendo que tu queres estar preso no tempo, fechado na incógnita, fugido de tudo aquilo que tiras-te.
já te disse que adoro o teu cabelo?
adoro o sopro quente que ainda consigo exibir nele, deliro ao ver o vento tomar posse de algo teu, algo que eu nunca tive. por isso, pinta-o de vermelho também e encara a cor como o que ela mesma significa em ti, paixão. assim será mais fácil tocar-te na alma, pensas. assim será mais fácil descobrir todos os segredos que não mostras e todas as mentiras que escondes. pega em algo perfeito e pinta, pinta até mais não. pinta e não pares. pinta até ao descontrolo, aquilo a que gostas de chamar arte.
já conseguis-te consumir tudo, já extrais-te cada pedacinho de droga da alma, sugas-te tudo o que tenho até á ultima gota. fora de controle, preferes chamar-te assim. apaixonei-me por essa tua obsessão, por cada gota de suor e atenção que tentas dedicar-me a mim. tentas, sublinha. tocas quando souberes que sei que quero que toques. mas mais que isso, não fazes. sei que ainda tens por ai escondido, algures dentro deste interprete desconhecido, a eterna criança que me tentas-te ensinar a ser. é disso que te orgulhas, então procura-a. tornaste-te entediante e ainda nem deste conta de algo tão óbvio. afinal quem és tu? que poder tens para pintares deste jeito? o que lhe chamas para conseguires tocar assim na alma e fazer-me chorar? não acredito que lhe chames sentimento mesmo não sabendo o que isso é, meu amor. não descerias tão baixo. deixa-me pensar que não o farias apenas. agora agarra em tudo o que tens e faz o que sempre fizes-te, continuas a fazê-lo bem. respira, continua a respirar, por mais mal que me faças não te vou deixar ir. mas eu culpo-te a ti. amarras o sentimento numa corda e joga-la no abismo, porque não sabes amar. pegas nos pincéis, nas telas, nas tintas, no corpo e na alma e vais também. quando perdes o que tens, lembras-te do quão era bom voltar a ter. então encerras tudo, apagas as luzes e dormes sobre o assunto. onde está o vermelho com que te ensinei a pintar? e a paixão que descobris-te ter? não quero ser . não mais finges ir, para depois voltar. meias verdades e meias mentiras.


se é a isto que chamas arte.
pinta-a de vermelho.

3 comentários:

  1. Cada vez melhor. Cada texto, cada palavra, tudo melhora dia após dia. Todos tem a sua arte, mas tu tens o talento para ela

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  2. arte é este texto melhor amiga.
    e mais me surpreende que nos 20 minutos em que eu fiz o almoço, tu ficas-te aqui no pc a escrever e quando terminas-te soltas-te um forte "fiz mais um textooo Redondo [!]".

    5 sentidos para ti no meu blog ;b

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quando escreveres, sê num todo o que és. eu quero ler-te.