em noites escuras ouvimos passos, de saltos esvoaçados ecoando no chão de pedra velho do teu terraço, solas de sapatos embrulhados em barulhos impossíveis de ignorar. perguntas-te quem será. não quero saber. não quero nem chegar perto de imaginar. não interessa, já nada interessa. cosi a minha boca com agulhas de ouro na tentativa de celar um pacto desconhecido. era uma agulha extremamente fina, fatalmente aguçada. carne em sangue, como imaginas. e o que dói mais não é a saudade, mas sim a partida... cosi-a para não mais cair em mim, para não mais te deixar sair. grita por mim. grita cada palavra pegada á garganta, á barriga, ás mãos. deixa-a transbordar no corpo, sente-a nos poros, na tua pele humedecida de cheiro a canela moída e bem tratada. deixa-te sentir, deixa-te ser quem tu és. não mudes pela saudade, essa não levará tudo. deixa que as bocas se cruzem e digam tudo o que tem elas por dizer, deixa-as conviver, gritando do seu jeito. deixa! elas confiam em ti.
eu poderia habituar-me a muito, poderia aprender a viver em estações de comboios e fazer despedidas de quem sabe que vai, mas não imagina quando volta, poderia superar as (tuas) partidas apressadas ou tão mais inesperadas num misto do teu medo de não alcançar o que está hoje á tua volta. mas não quero viver na saudade que espanta não os males, mas os bens. na saudade que mata quem vive e ressuscita quem foi. na saudade que sabe doer, mas não sabe curar. respira fundo, a ajuda vem a caminho. eu vou ficar bem sossegada, com os sonhos colados ás pontas dos dedos na tentativa de esquecer o que envias-te e não chegou. vou certificar-me que a cada palavra que escreva, faltará menos para te ver, baloiçando de terra em terra, de estação em estação, de coração em coração. e a cada momento que passa a sede da tua droga aumenta, preciso de algo para aconchegar o coração e calar a mente. sou humana, preciso de carne como se estivesse atormentada, louvada e insaciada de ti, por loucura, por amor, por desvaneio.
por sentimentos, jamais perdidos.
God, muita bom ;o
ResponderEliminarAdorei mesmo :3
Obrigada =)
ResponderEliminarAdorei x) "sou humana, preciso de carne". Parece frio, mas nao o e'.
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está sentido, está profundo. as palavras e as expressões que usas demonstram não só a alma com que escreves mas também o "teu" que transmites no texto.
ResponderEliminarés humana, sossega com os teus sonhos e esquece o que não chegou, cada vez vais sentir que falta menos para o ver e quando souberes que não vês vais sentir-te aconchegada e de mente sã.
és humana, é o devaneio do amor que te atormenta.
Muito bom.
ResponderEliminarGostei imenso.
Escreve escreve, deixa que os dedos te doam de tanto escrever, mas nunca o deixes de fazer.
ResponderEliminarNao menosprezes o teu valor, aproveita e continua.
O pouco que li, e o muito que gostei.
Este texto esta simplesmente fantastico, a maneira como falas, como jogas com as palavras.
Suepreendido fico com tanto jeito teu, e mais agredecido fico por pode lo ver
CC
Gostei e vou seguir :)
ResponderEliminarmiminho para ti no meu blog melhor amiga ;b
ResponderEliminarsaudades é dos sentimentos mais misteriosos, na minha opinião. é tudo, e tão pouco.
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