domingo, 16 de agosto de 2009

incompatibilidade nossa.

sobes a preciana, abres a janela. encostas-te ao parapeito meio frio, meio quente dela e olhas para cima. tentas ignorar o chilrear dos pássaros e o barulho ecoado da cidade meio distante. focas-te na linha do horizonte. pensas, vagueias, procuras, encontras e foges não uma, não duas, mas muitas... vezes sem conta.

tu és forte, és convencido e convicto da razão de o seres. e atrais quem tu quiseres, para onde quiseres. sentes a nirvana na pele, como quem sente uma rajada de vento no ombro num dia despido do frio. não precisas de pensar muito, muito ou tanto contado á precisão de factos distorcidos como filmes dos anos cinquenta. traças fios e mais fios ligados a cada um de nós, com linhas incondicionais e desprezáveis e temes que não te perceba. foge! foge para longe, foge comigo. chega ao cume da montanha, perto do desfiladeiro e agarra-te a mim. vamos passar os dias assim, colados ao relógio como drogados impacientes pela sua ultima dose que resta. nem quente, nem frio. nem perto, nem longe, mas assim. meio tepidos, meio pálidos. meio sóbrios do que rodeia com uma garrafa meio cheia meio vazia na mão que puxamos para trás das costas, na tentativa de esconder o impossível.
fazemos promessas e injurias, dizemos verdades dentro de mentiras e foges de novo, apenas mais uma vez, de tudo aquilo que queres, que sonhas, que exiges e que precisas. fumas algo de sabor inconstante, ficas fundido até ao ultimo suspiro e saboreias o calor como o fruto proibido, para minutos, horas e dias depois acordares sem voz, sem sentimentos. com as pálpebras pesadas, com o ego arruinado, com os olhos em gritos incompreensiveis e os lábios secos, gastos. tu tens cancro no corpo de tão envolvente e repleto de raizes que és, inspiras o sóbrio e respiras o esquecido. doce amargo amor envolvente. preenches o corpo e respiras o teu próprio fumo. embebedas-te na vida e afirmas o pedido. para não mais esquecer.
vens de longe, na tentativa de ficar perto e quanto mais perto, mais longe estás. eu rezo, rezo porque te amo.


e sempre que fores, volta.

5 comentários:

  1. Que texto tão bonito Rita, muito emotivo, mas bonito.
    é um prazer vir a este blog (:
    beijinho,
    Daniel.

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  2. Está muito bonito o texto, não há palavras para comentar quando as boas palavras já tu usás-te .

    Continua sempre, tens muito jeito .

    Ass: Tu sabes quem eu sou 8)

    kkkkkkk

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  3. de cortar a respiração! Bom, muito bom.

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  4. Este texto foi um dos melhores que li teus , Ritinha .
    Tanto vez o li , à procura de palavras para o descrever , mas ainda não encontrei , está forte , conseguiste imprimir nas frases um significado que cabe a um de nós descobrir , gostei mesmo ! *

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quando escreveres, sê num todo o que és. eu quero ler-te.