segunda-feira, 13 de abril de 2009

duche


no duche entrei, na esperança de que se me despisse, despir também a mágoa e a revolta que trago aqui dentro. sem hesitar, entrei e mergulhei o pé na água quente que teimava em acolher-me, tornando-se no meu refúgio diário. liguei o chuveiro, prendi-o e deixei que a água percorresse o meu corpo, fechei os olhos e deixei, com calma, o meu corpo sentir-se molhado. á medida que água caía e me acolhia naquele recanto quente, naquele refúgio.

tentei jogar para fora todas as recordações malignas que trazia gravadas na minha memória, tentei afoga-las na água transparente, ainda recém usada. um exforço em vão. em gestos quase automáticos, ensaboei-me, desesperando loucamente que a água voltasse a percorrer o meu corpo, como antes e que com o sabão e o suor levasse também o sentimento de nostalgia que se apoderou de mim e que trazia preso ao meu peito. a verdade é que não o levou por completo, mas tirou de cima de mim a tensão e o peso que esta me fazia nos ombros. fechei a torneira, peguei na toalha e ainda molhada encostei-me á parede, ainda quente do vapor que tivera feito e voltei a fechar os olhos, a querer esquecer mais uma vez tufo o que já tivera esquecido, mas que todavia teimava em vir todas as noites atormentar-me.
e agora, anseio a chegada de um próximo duche, de uma nova lavagem dos meus problemas e pensamentos. o meu duche.

4 comentários:

  1. Gostei, vou passar mais vezes por aqui ;)

    Ah, obrigada por estares a seguir o meu :) *

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  2. amor, gosto tanto dos teus textos, sabes que tou aqui sempre mas mesmo sempre amoor (L)

    Beijo e força *

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  3. Rita , tao bonito O:
    decidi vir aqui , ver se tinhas algo de novo .
    e gostei muito .

    Beijinhos ,

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quando escreveres, sê num todo o que és. eu quero ler-te.