e nada muda

é irritante o facto de saber que estou parada sem saber o que fazer, ou sequer pensar. achei a chave para fechar o meu passado que com o tempo se tornou frio e deixou, sim, saudades. mas agora que a tenho não o consigo fazer, talvez porque quando acordo decidida a fazê-lo, finjo que perdi a chave ou talvez porque quando acordo decidida a entrar nele de novo, finjo que já o fechei. sim, irritante.

ninguém tem noção do quão frustrante é estar divida entre algo bom e algo que é mau, sim porque estar dividida entre algo em que ambas as coisas são boas, é normal, agora assim? porque raio o meu eu insiste em querer atirar-se para algo que simplesmente, vai contra tudo o que aprendi nestes últimos dois meses e meio? porque raio o meu coração insistite neste tipo de vida tão esgotante? responde-me.

o céu está limpo, totalmente limpo. e o meu desejo é que a minha cabeça estivesse tão limpa quanto ele. só queria descanso e agora, onde está ele? eu sei que está tudo nas minhas mãos, mas pela primeira vez na minha vida, eu gostaria que não estivesse, gostaria que nada dependesse de mim agora. gostava que alguém estendesse a mão e dissesse "anda Rita, vamos os dois de mãos dadas, eu ajudo-te, eu tomo as decisões por ti, se assim entenderes". queria-me sentir dependente de novo, como era em pequenina, quando metia o dedo na boca e alguém segurava a minha tão fragil mão, enquanto percorriamos uma rua aglomerada de gente. acho que preciso mesmo disso, e se a dependencia é frustrante, então deixem-me sentir frustrada deste geito. porque é disso mesmo que preciso.